A transformação digital não afeta apenas a operação das empresas, ela também está remodelando as práticas de governança. Nos últimos anos, surgiu um conceito que vem ganhando espaço globalmente: GaaS, ou Governança como Serviço.
Mas o que isso significa na prática? Por que mais empresas estão buscando terceirizar parte das atividades de governança? E o que conselheiros e governance officers precisam saber para avaliar essa tendência?
Neste artigo, vamos explorar essas informações, além de oportunidades e desafios ligados ao GaaS em organizações que buscam elevar a maturidade de sua governança.
O que é governança como serviço (GaaS)?
O termo Governance as a Service (GaaS) descreve a prática de terceirizar atividades, processos e ferramentas de governança para provedores externos especializados, geralmente no formato de serviços contínuos ou plataformas digitais. Em vez de construir toda a estrutura de governança internamente (incluindo controles, políticas, ferramentas e profissionais dedicados), a empresa contrata um parceiro externo que entrega essas soluções sob demanda, de forma integrada e escalável.
Inspirado nos modelos de negócios as a service (como SaaS, IaaS, PaaS), o GaaS se tornou possível graças à evolução da tecnologia, especialmente das soluções em nuvem. No entanto, não se trata apenas de tecnologia: envolve também a oferta de expertise especializado, processos já estruturados e suporte operacional que reforçam as práticas de governança, muitas vezes em tempo real.
Onde o GaaS está sendo utilizado hoje
A adoção de modelos GaaS é mais visível em setores com alta pressão regulatória, como finanças, saúde, energia e tecnologia. Nesses ambientes, manter-se em dia com normas, evitar riscos de compliance e garantir controles robustos exige recursos que muitas organizações não possuem internamente.
Além das grandes corporações, pequenas e médias empresas (PMEs) também vêm adotando o modelo, especialmente em momentos críticos como profissionalização da gestão, expansão para novos mercados ou preparação para abertura de capital. O GaaS, nesses casos, ajuda a acelerar a maturidade de governança sem exigir grandes investimentos iniciais.
Empresas de tecnologia, por sua vez, têm aplicado o modelo não apenas internamente (para governança de TI e segurança), mas também como oferta de mercado, desenvolvendo soluções específicas como governança de dados como serviço ou governança de identidades como serviço.
Exemplos práticos do GaaS em ação
Na prática, o modelo GaaS já vem sendo utilizado em diferentes frentes, como:
- Secretaria de governança terceirizada, com equipes especializadas na organização das reuniões do conselho, elaboração de pautas e atas, e acompanhamento de pendências;
- Plataformas digitais integradas, que centralizam a gestão de políticas corporativas, riscos e compliance, mantendo registros atualizados e em conformidade com as normas;
- Ferramentas de automação para TI, que monitoram mudanças em sistemas complexos, garantindo rastreabilidade e aprovação formal de cada etapa.
A Better Governance (cofundada por Sandra Guerra, uma das maiores referências em governança no Brasil) oferece serviços especializados para conselhos de administração e comitês. Fora do país, também há diversas organizações que vêm apostando em soluções integradas de governança, risco e compliance na nuvem, com foco em conformidade global, automação e agilidade regulatória.
Vantagens e desafios da adoção do GaaS
Como qualquer transformação, o uso do GaaS oferece oportunidades, mas também exige atenção.
Vantagens que tornam o modelo atraente
Entre os benefícios mais citados pelas organizações estão:
- Acesso imediato a conhecimento especializado, sem necessidade de contratação interna;
- Redução de custos, já que serviços compartilhados diluem investimentos;
- Agilidade e flexibilidade, com implementação acelerada de melhores práticas;
- Atualização constante, evitando que a governança fique defasada frente a mudanças regulatórias;
- Foco no core business, liberando equipes internas de atividades operacionais;
- Melhoria na transparência e prestação de contas, com processos formalizados e auditáveis.
- Para organizações que desejam fortalecer a governança rapidamente (por exemplo, ao se preparar para atrair investidores), o GaaS pode ser um aliado poderoso.
Desafios que precisam ser bem gerenciados
Por outro lado, a adoção de GaaS não deve ser encarada como uma simples terceirização sem planejamento. Há desafios importantes a considerar:
- Garantir confidencialidade e segurança das informações compartilhadas com o provedor;
- Definir claramente os papéis e responsabilidades entre o serviço contratado e as áreas internas;
- Evitar dependência excessiva de um único fornecedor, garantindo continuidade operacional;
- Manter engajamento interno para que a governança não se torne apenas “um serviço contratado”, mas continue integrada à cultura da organização.
Esses pontos exigem atenção desde a escolha do parceiro de GaaS até a construção dos contratos e modelos operacionais.
O que observar antes de adotar o modelo GaaS
A decisão de terceirizar atividades de governança precisa considerar o contexto e as funções específicas de cada agente envolvido.
Para conselhos de administração, trata-se de avaliar a aderência do parceiro à estratégia da organização. Já para Governance Officers, o desafio está em garantir fluidez operacional sem perder o controle do processo. Veja abaixo os principais pontos a se levar em conta.
Conselhos de administração: como avaliar a aderência estratégica
É comum que empresas adotem o modelo GaaS em momentos críticos, como expansão para novos mercados, atração de investidores ou preparação para abertura de capital. Nesses contextos, o serviço permite estruturar a governança rapidamente, sem depender de grandes equipes internas.
Contudo, antes de avançar com essa solução, conselheiros devem se perguntar:
- O parceiro entende as particularidades do nosso setor?
- As soluções ofertadas são compatíveis com o estágio de maturidade da empresa?
- Há clareza sobre o que continuará sendo deliberado internamente?
Com o parceiro certo, o GaaS pode fortalecer e ampliar a eficiência do conselho sem abrir mão da autoridade estratégica.
Governance Officers: como garantir qualidade sem perder o controle
Para GOs, o avanço do GaaS não representa perda de protagonismo, pelo contrário: ao terceirizar atividades operacionais, o profissional ganha espaço para atuar como um articulador mais estratégico do processo de governança.
O checklist a seguir pode servir como ponto de partida para GOs na hora de avaliar fornecedores:
- Os SLAs são compatíveis com a dinâmica do conselho?
- A segurança da informação está formalmente garantida?
- Os serviços são adaptáveis à cultura da organização?
- O parceiro tem experiência com empresas semelhantes?
Com critérios bem definidos e acompanhamento ativo, o Governance Officer pode garantir que o modelo contratado funcione como um suporte operacional da governança, sem comprometer a cultura interna, a fluidez dos processos ou a qualidade das entregas ao conselho.
Mesmo sem adotar um modelo de terceirização como o GaaS, é possível alcançar ganhos reais de eficiência, rastreabilidade e organização na governança. A tecnologia certa permite estruturar processos internos com fluidez, mantendo o controle nas mãos da própria organização. Para muitos conselhos e governance officers, inclusive, esse caminho tem se mostrado mais sustentável e aderente à cultura da empresa.
Conheça as soluções da Atlas Governance e veja como a tecnologia pode elevar o nível da sua governança com autonomia e praticidade, sem abrir mão do controle interno.