O que as metodologias ágeis podem ensinar à governança

Muito além da TI: frameworks como Scrum, Kanban e Lean vêm sendo usados por conselhos e secretarias de governança para aumentar a efetividade das decisões e garantir fluidez entre as reuniões.

Data de Publicação: Aug 28, 2025
Escrito por: Nathália  Faria

Governança e agilidade não costumam aparecer na mesma frase. Para muitos conselheiros, o termo “metodologias ágeis” ainda remete ao universo da tecnologia como um conjunto de práticas aplicadas por desenvolvedores e equipes de produto. Mas essa visão tem mudado bastante nos últimos anos. 

Diante da crescente complexidade dos negócios, tornou-se essencial que os espaços de governança adotem decisões mais flexíveis, com capacidade de adaptação rápida e ciclos contínuos de revisão. Como resposta a esse cenário, muitos conselhos e secretarias passaram a incorporar (total ou parcialmente) princípios das metodologias ágeis. 

Mas, afinal, o que isso significa na prática? E como adaptar frameworks como Scrum, Kanban ou Lean para a realidade de um Conselho de Administração, comitê ou secretaria de governança? 

O que são metodologias ágeis 

As metodologias ágeis surgiram no início dos anos 2000 como resposta às limitações dos modelos tradicionais de gestão de projetos, especialmente o chamadomodelo cascata”, caracterizado por etapas sequenciais, documentação extensiva e baixa capacidade de adaptação. 

Inspiradas em valores como colaboração, foco em entregas incrementais e resposta rápida às mudanças, essas metodologias propõem ciclos curtos de planejamento e execução, com revisão contínua dos aprendizados e realinhamento de prioridades ao longo do processo. 

Entre os pilares comuns às metodologias ágeis estão: 

  • Ritmo de entrega constante e adaptável, com foco na geração de valor contínuo; 
  • Reuniões regulares de alinhamento, para garantir sintonia entre os envolvidos; 
  • Visualização clara do fluxo de trabalho, por meio de quadros, painéis ou indicadores; 
  • Responsabilidade compartilhada, em que cada integrante contribui ativamente para o resultado coletivo. 

Embora tenham se popularizado entre equipes de tecnologia, esses princípios se mostraram úteis em contextos diversos, inclusive no ambiente da alta gestão.  

Quais as principais metodologias ágeis e como elas funcionam 

Embora existam dezenas de variações, quatro metodologias ágeis se destacam por sua ampla aplicação e adaptabilidade a contextos organizacionais diversos.  

Scrum 

O Scrum é baseado em ciclos curtos de trabalho chamados sprints, que normalmente duram entre duas e quatro semanas. Cada sprint começa com um planejamento e termina com uma revisão do que foi feito, sempre com foco em entregas concretas e aprendizado contínuo. 

Na governança, esse modelo pode ser adaptado para a organização das pautas do Conselho: em vez de reuniões baseadas em um cronograma fixo, é possível trabalhar com ciclos temáticos de decisão. Também é possível adotar “retrospectivas” após reuniões-chave, avaliando o que funcionou, o que pode ser ajustado e como tornar o próximo encontro mais produtivo. 

Kanban 

Kanban é uma abordagem visual para o gerenciamento de tarefas. Com quadros e colunas (como “a fazer”, “em andamento” e “concluído”), ela permite acompanhar com clareza o andamento dos trabalhos. 

Aplicado à governança, o Kanban pode ser usado por secretarias e comitês para controlar a execução de deliberações, acompanhar pendências e distribuir responsabilidades entre reuniões. Além de dar visibilidade ao fluxo de decisões, ajuda a evitar que temas se percam ou atrasem sem justificativa clara.

Lean 

Mais do que uma metodologia, o Lean é uma filosofia de gestão que busca eliminar desperdícios e entregar valor de forma contínua. Ele foca em processos enxutos, padronizados e voltados à eficiência. 

No universo dos conselhos, isso pode se traduzir em revisões de pautas com foco em priorização, redução de documentos redundantes e eliminação de discussões que não agregam valor estratégico. Um conselho com mentalidade Lean se preocupa menos com quantidade de horas reunido e mais com a qualidade do que foi discutido e decidido. 

SAFe (Scaled Agile Framework) 

O SAFe foi desenvolvido para aplicar os princípios ágeis em larga escala, em organizações com muitas equipes, áreas e unidades. Ele busca sincronizar esforços de times diferentes em torno de metas comuns, com cadências de planejamento e revisão integradas. 

Em organizações com múltiplos comitês ou conselhos regionais, esse modelo pode inspirar práticas como o alinhamento periódico de agendas estratégicas, uso de artefatos padronizados e rituais sincronizados de revisão entre colegiados, favorecendo uma governança mais coesa, mesmo em estruturas complexas. 

Por que as metodologias ágeis fazem sentido para os conselhos 

À medida que os conselhos enfrentam ambientes cada vez mais voláteis e interdependentes, fica evidente que os métodos tradicionais de planejamento e deliberação já não são suficientes. Afinal, esses modelos tendem a se basear em agendas fixas, documentos extensos e reuniões espaçadas.

Por outro lado, as metodologias ágeis oferecem um caminho para tornar a governança mais estratégica, responsiva e útil.

Pautas adaptadas à realidade do negócio 

Uma das grandes contribuições da lógica ágil é substituir o planejamento estático por ciclos curtos e ajustáveis 

No contexto da governança, isso permite que as pautas do Conselho acompanhem as prioridades reais da organização, e não apenas um calendário pré-estabelecido. Em vez de repetir temas operacionais, o colegiado passa a discutir o que é mais crítico naquele momento, alinhando as decisões ao timing do negócio. 

Aprendizado constante e revisão de práticas 

Ao incorporar revisões estruturadas à sua rotina, o Conselho deixa de funcionar como um órgão deliberativo isolado e passa a operar como um organismo em melhoria contínua 

Reavaliar processos, analisar o impacto das decisões anteriores e ajustar dinâmicas internas com base em dados e feedbacks são atitudes que elevam o nível da governança e reduzem falhas recorrentes. 

Acompanhamento claro de decisões e responsabilidades 

Outro ganho evidente está na transparência. Com o uso de ferramentas inspiradas em abordagens como Kanban, o fluxo de decisões se torna mais visível, tanto para os conselheiros quanto para a gestão.  

Saber exatamente o que foi deliberado, quem é responsável pela execução e em que estágio está cada ação permite maior controle, evita retrabalho e aumenta o comprometimento coletivo. 

Quais os impactos reais para quem vive a governança no dia a dia 

A adoção de metodologias ágeis na governança não só transforma a dinâmica das reuniões como também modifica a forma como diferentes atores se posicionam, tomam decisões e acompanham seus desdobramentos. Cada perfil envolvido colhe ganhos específicos: 

Para conselhos 

As reuniões deixam de ser longas e pouco direcionadas para se tornarem espaços de reflexão estratégica real, com pautas mais conectadas ao momento da organização. Além disso, a rastreabilidade das decisões facilita o acompanhamento e reduz a sensação de “voltar à estaca zero” a cada ciclo. 

Para secretarias de governança 

O uso de práticas ágeis transforma a secretaria em um centro de inteligência operacional. Com quadros de acompanhamento, ciclos de revisão e maior visibilidade sobre prazos e pendências, a secretaria assume o papel de articuladora do fluxo decisório, e não apenas de apoio administrativo. 

Para a gestão executiva 

A governança se torna mais próxima da operação, sem perder o foco estratégico. As áreas executivas recebem orientações mais claras, com prazos definidos, e conseguem reportar avanços com mais agilidade, o que fortalece o vínculo entre conselho e gestão. 

Da teoria à prática: o papel da tecnologia na consolidação de uma governança ágil 

Adotar práticas ágeis na governança é, antes de tudo, uma forma de tornar o Conselho mais efetivo diante da complexidade crescente das decisões. E esse avanço se consolida com o apoio da tecnologia certa. 

Plataformas especializadas permitem automatizar fluxos, documentar deliberações, acompanhar pendências e consolidar históricos com rastreabilidade. Elas não substituem o discernimento humano, mas ampliam sua capacidade de atuação com mais controle, clareza e consistência. 

Ao integrar princípios ágeis com tecnologia, o Conselho passa a operar com mais fluidez e foco, reduzindo o improviso e aumentando o impacto das decisões. É essa combinação (método + ferramenta) que transforma boas intenções em governança real. 

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