Davos 2023: conclusões do fórum climático
De 16 a 20 de janeiro, o World Economic Forum (WEF) realizou o Davos 2023, um encontro internacional que aborda a crise climática e envolve estratégias ESG. Esta edição comemorou um marco especial: o vigésimo aniversário do Fórum Aberto. O evento ocorreu na Suíça e teve transmissão online para aproximadamente 30 milhões de seguidores, criando um espaço aberto para diversas vozes compartilharem experiências e inspirar outras pessoas.
Conforme o WEF, a edição deste ano superou as estatísticas usuais de representação. Entre os 60 palestrantes apresentados ao longo de cinco dias, a maioria representou comunidades não brancas, minoritárias ou carentes. Havia quase o dobro de mulheres do que homens e quase todas as sessões incluíram pelo menos um palestrante com menos de 30 anos, com um moderador com menos de 20 anos vindo de uma escola suíça local.
“O alto nível de diversidade e representação no Fórum Aberto deste ano nos permitiu ouvir as vozes que nem sempre estão à mesa quando as decisões são tomadas, mas muitas vezes são afetadas adversamente”, afirmou Michele Mischler, Diretora do Fórum Aberto.
Conclusões do Forum Davos 2023
Confira quais foram as principais conclusões obtidas no decorrer do fórum climático:
A mudança climática expõe injustiças
O que ficou evidente nas discussões promovidas pelo evento é que os menos representados por negócios e governos globais são os mais afetados e vulneráveis às mudanças climáticas. Especialistas como Ama Francis, do Projeto Internacional de Assistência aos Refugiados, destacaram como os desastres climáticos estão deslocando até três vezes mais pessoas do que os conflitos.
Para Agnes Callamard, secretária-geral da Anistia Internacional, o deslocamento climático é impulsionado pelas consequências interligadas de repetidos eventos climáticos extremos, degradação ambiental que corrói os meios de subsistência e a falta de assistência para reconstruir e restaurar.
Os indígenas que deram depoimentos sobre como essas comunidades podem ser vulneráveis a desastres climáticos, como aumento do nível do mar e tempestades extremas. Fawn Sharp, do Congresso Nacional de Índios Americanos, comentou sobre a inundação catastrófica de sua terra natal ancestral no estado de Washington devido ao aumento do nível do mar, enquanto a ativista indígena Helena Gualinga relatou que 80% de sua comunidade na Amazônia foi arrastada por enchentes alguns anos atrás e agora eles enfrentam uma seca.
É preciso agir com inclusão
Diversos grupos minorizados ganharam espaço neste evento, mas agora se espera que os líderes globais possam os escutar e também os incluir. Enquanto o mundo prepara estratégias de adaptação e mitigação, quem está no poder precisa garantir representação em todos os níveis para que as soluções sejam relevantes para a vida das pessoas.
“A questão não é necessariamente a ausência de voz, é a ausência de audição”, afirmou Ashleigh Streeter-Jones, um ativista com deficiência. Ele argumenta que os líderes devem se lembrar de que os grupos minorizados são especialistas em suas próprias experiências vividas e necessidades. Como resultado, eles estão em melhor posição para identificar as barreiras e contribuir para as decisões políticas e de investimento.
O ativista suíço Christoph Keller complementou, dizendo que, embora 15% da população mundial tenha algum tipo de deficiência, as necessidades das pessoas com deficiência não são suficientemente consideradas ao se preparar ou responder a desastres climáticos ou de saúde.
As gerações atuais e futuras estão em jogo
Outra conclusão importante do evento foi sobre a importância de permanecer otimista. Mesmo que falar sobre crises climáticas e sociais possa deixar alguém deprimido, os líderes de devem se manter esperançosos e ajudar a revelar histórias inspiradoras para equipar as gerações futuras com as habilidades, recursos e esperança necessários para melhorar suas vidas e comunidades. Este argumento foi enfatizado por vários palestrantes.
Além disso, as próximas gerações também estão em jogo para apresentar novas ideias e assumir a luta contra as mudanças climáticas. Jim Hagemann Snabe, presidente da Siemens, convocou os jovens a apresentar novas ideias que desafiem as suposições construídas pelas gerações passadas.