Diversidade e Inclusão nas Empresas: Por Que e Como Aplicá-las

Neste artigo, descubra a importância da Diverisidade e Inclusão nas empresas e como aplicá-las.

Data de Publicação: Mar 23, 2023
Escrito por: Luiz  Gustavo Anjos

Diversidade e inclusão nas empresas: por que e como aplicá-las

Neste artigo, descubra a importância da Diverisidade e Inclusão nas empresas e como aplicá-las.

Atualmente, as empresas são cada vez mais cobradas para que se posicionem em relação a pautas sociais. Aquelas que desejam seguir relevantes no mercado devem se adaptar às novas demandas dos consumidores, que estão cada vez mais ativos. Para isso, políticas de Diversidade, Equidade e Inclusão são fundamentais.

A importância da diversidade e inclusão nas empresas

Para Paulo Vítor Del Rey, influencer e especialista em DE&I, ações de Diversidade e Inclusão podem melhorar a performance de equipes de várias maneiras. A multiplicidade de perfis constrói produtos e projetos mais robustos. “Isso aumenta a criatividade, competitividade, torna mais diversas as soluções e traz dinheiro para a empresa”, comenta ele.

Já Estela Silva, especialista em ESG, explica que esse tipo de política gera inovação e aumenta o senso de pertencimento de uma organização. “As pessoas se sentem bem por perceberem que trabalham para uma empresa que se importa com o ser humano”, afirma ela.

Além disso, segundo Estela, esse tipo de comportamento é resultado do desenvolvimento crítico que se acentuou na geração Millennials (Y) – pessoas nascidas entre o início da década de 80 e final de 90 – e tem sido continuado pelas gerações Z e Alpha – nascidos a partir do ano 2000. Com ajuda da internet, eles têm mais acesso à informação e, consequentemente, tornam-se consumidores mais conscientes e críticos em relação ao posicionamento das empresas. Hoje, não ter Diversidade, Equidade e Inclusão (DE&I) como pauta do Conselho é uma falha ou omissão que pode custar muito caro daqui 5 anos ou mais.

Empresas do mundo inteiro têm investido em políticas e práticas de DE&I de maneira nunca vista antes. Conforme a Pesquisa Global de Diversidade e Inclusão da PwC, 76% dos 3 mil entrevistados afirmam que o tema é um valor ou uma prioridade. Para esse levantamento, foram questionados líderes de negócios, gestores de RH, coordenadores de D&I e empregados de 25 indústrias em 40 países.

O que é diversidade e inclusão nas empresas?

A realização de programas de Diversidade, Equidade e Inclusão é um dos aspectos da Responsabilidade Social e da estratégia ESG nas empresas. É um compromisso – não uma obrigatoriedade – assumido pelas organizações que almejam participar da construção de um mundo melhor e com oportunidades iguais para todos.

Todavia, vale observar que, mesmo que sua empresa não seja obrigada a adotar tal comportamento, não o fazer pode acarretar consequências futuras para o seu negócio, como a queda da autoridade da marca na opinião pública e no mercado.

O que é diversidade?

“Substantivo feminino; qualidade daquilo que é diverso, diferente, variado”, segundo o dicionário. Em outras palavras, é tudo que não é homogêneo. Contudo, no contexto social, esse termo ganha outras dimensões. A diversidade pode ser socialmente concebida por características visíveis (cor, raça, sexo ou certos atributos físicos), invisíveis (neurodiversidade) ou por diferenças e similaridades adotadas conscientemente por uma pessoa (identidade de gênero, orientação sexual e outros exemplos).

O que é inclusão?

A inclusão é o outro lado da moeda. É o exercício prático de todo aquele que encara e reconhece a diversidade. É o ato de inserir pessoas ou grupos de pessoas a núcleos aos quais não faziam parte – uma atitude ética que combate a todo tipo de exclusão, preconceito e violência.

Como o trabalho é um dos aspectos essenciais na vida em sociedade, as atividades de inclusão social devem impactar o ambiente laboral das empresas.

Sobre isso, aliás, Estela Silva afirma a importância de entender que, nas organizações, a diversidade não deve se pautar apenas nos números, mas se refletir também nos planos de carreira. Isso significa que as atitudes afirmativas de inclusão devem visar o crescimento de profissionais diversos para além das bases. É necessário também que se desenvolvam chefias que representem grupos minorizados.

Principais grupos de diversidade e inclusão nas empresas

O primeiro passo para iniciar uma política de Diversidade, Equidade e Inclusão em uma organização é, antes de tudo, conhecer e reconhecer os diferentes grupos minorizados. Veja abaixo, portanto, uma breve explicação sobre cada grupo para que você possa entender mais sobre eles:

Mulheres

A igualdade entre homens e mulheres é positivada pela legislação. “Homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações”, declara o primeiro inciso do Art. 5° da Constituição Federal. Contudo, mesmo estando a lei escrita, a sociedade brasileira é na prática caracterizada por um mal enraizado: o machismo estrutural.

Segundo indicadores da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua de 2016, feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), na população entre 25 e 44 anos, 21,5% das mulheres concluíram o Ensino Superior. Já entre os homens, o percentual era de 15,6%.

Embora possuam maior nível de escolaridade, as coisas são diferentes no mercado de trabalho. De acordo com o IBGE, em 2017, as mulheres ganhavam em média 24% menos que os homens e eram mais afetadas pelo desemprego (13,4%) que eles (10,5%).

Identidade de Gênero

A identidade de gênero é a forma como uma pessoa se identifica, independentemente do sexo biológico designado a ela no nascimento. Ela pode se ver como pessoa cisgênera (cuja identidade de gênero coincide com o sexo biológico designado ao nascimento) ou como pessoa transgênera (cuja identidade de gênero não coincide com o sexo biológico designado ao nascimento). Mulher cisgênera, Mulher Trans, Travesti, Homem transgênero, Homem cisgênero, Pessoa Não-Binária, p.e., são algumas das identidades de gêneros a partir das quais é possível se identificar ou se autodeclarar.

Em levantamento feito pela Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra), viu-se que, no Brasil, 90% das pessoas trans tem prostituição como fonte de renda para sobreviver, pois não conseguem obter emprego em função da identidade de gênero. Uma situação alarmante, mas que não termina aqui.

Divulgado no dia 29 de janeiro de 2021, outro estudo elaborado pela Antra apontou que, em 2020, 175 travestis e mulheres transexuais foram assassinadas. Um aumento de 41% se comparado ao ano anterior, que contabilizou 124 homicídios. Com esses números, o Brasil é o país que mais mata pessoas trans no mundo.

Orientação sexual

A orientação sexual se refere ao desejo afetivo de uma pessoa por outra – afeição que pode ser sexual ou romântica. A orientação pode ser homossexual, heterossexual, pansexual, bissexual, demissexual, assexual, entre outras. E não é segredo para ninguém que toda orientação diferente da heterossexual enfrenta várias formas de violência no Brasil.

Dados revelam que pessoas LGBTQIA+ sofrem por insegurança, preconceito e falta de equidade nas empresas. Uma pesquisa realizada pelo Center for Talent Innovation demonstrou que, por medo de perderem o emprego, 61% de funcionários gays e lésbicas escondem sua sexualidade de gestores e colegas. O dossiê também apontou que:

  • 33% das organizações brasileiras não contratariam pessoas LGBTQIA+ para cargos de chefia;
  • 41% dos funcionários LGBTQIA+ alegam que já sofreram algum tipo de discriminação no ambiente de trabalho por sua orientação sexual ou identidade de gênero.

 

Imagem com figura humana ao fundo branco, descrevendo a diferença entre identidade de gênero, que se refere à mente ou como a pessoa se identifica; orientação sexual, que se refere ao coração, às afeições que uma pessoa tem por outra; e sexo biológico, que é aquele atribuído no nascimento.

Etnia

Há séculos o racismo no Brasil é um problema que, por ser estrutural, está presente em todas as esferas da sociedade – incluindo o mercado de trabalho. De acordo com a Pesquisa Nacional Por Amostra de Domicílios (Pnad), em 2019, a média salarial de trabalhadores pretos foi 45% menor do que a dos brancos. Já para as mulheres pretas, o salário médio chegou a ser a 70% menor do que das mulheres brancas.

Além disso, segundo dados de 2019 do Instituto Locomotiva, o salário médio de homens não negros com ensino superior era R$ 7.033,00 contra R$ 4.834,00 dos negros, uma diferença de 31% a menos. As mulheres negras com formação superior receberam salário médio de R$ 3.712,00, enquanto as mulheres brancas receberam R$ 4.760,00.

Esses indicadores, evidentemente, apresentam apenas uma parte da realidade. O desafio das pessoas pretas é ainda maior, visto que o racismo não se faz presente apenas na área profissional. O Atlas da Violência 2021 mostrou que 77% das vítimas de homicídio no Brasil em 2019 eram pessoas pretas.

PcD: pessoa com deficiência

Em 1991 foi sancionada a Lei 8213, conhecida como Lei de Cotas para empresas. Após isso, profissionais com deficiência passaram a ter menos dificuldade para se inserir no mercado. Porém, o problema não foi totalmente solucionado. “Muitas empresas não cumprem essa lei”, alega Estela Silva. Dessa forma, este grupo ainda continua em situação de vulnerabilidade social, ressentindo-se de condições de acessibilidade que potencializem suas habilidades e inclusão de forma sustentável, digna e com acolhimento.

Faixa etária

A faixa etária também é uma característica que define grupos diversos. Isso porque, com o tempo, as pessoas se sentem “descartadas”, colocadas às margens do desenvolvimento em função da idade. Em 2019, de acordo com o IBGE, o Brasil tinha mais de 29 milhões de idosos. A projeção é que esse número duplique até 2060. E com o crescimento desse público, a discussão sobre inclusão de idosos no mercado de trabalho aumenta.

Indicadores levantados pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad) mostram que os idosos são o grupo com menor participação no mercado de trabalho. O percentual de idosos ativos em 2012 era de 5,9%. No ano de 2018, a porcentagem aumentou para 7,2%.

Todavia, a pesquisa também aponta que o desemprego entre as pessoas mais velhas aumentou significativamente, indo de 18,5% registrados em 2013 para mais 40,3% em 2018. Nitidamente, isso demonstra certa dificuldade deste grupo em integrar o mercado.

Naturalmente, a presença de pessoas mais velhas agrega muito na organização, promovendo debates mais ricos e possibilitando a troca de conhecimento entre diferentes gerações. Mas a partir de quando uma pessoa se torna idosa? A Organização Mundial da Saúde (OMS) divide os idosos em três categorias:

  • os pré-idosos (entre 55 e 64 anos);
  • os idosos jovens (entre 65 e 79 anos);
  • os idosos em idade avançada (com 80 anos ou mais).

Neurodiversidade

Existem pessoas que manifestam sua intelectualidade de diferentes formas. Não tendo processos seletivos específicos para esse tipo de caso, as empresas não oferecem oportunidades para indivíduos neurodiversos. Como resultado, eles formam um grupo minoritário profissionalmente desfavorecido.

De acordo com dados da ONU (Organização das Nações Unidas), apenas 20% das pessoas neurodiversas no mundo inteiro estão empregados.

Por isso, as ações pela Neurodiversidade buscam reconhecer e respeitar as diferenças neurológicas que são presentes na vida de muita gente. Diferenças como: dispraxia, dislexia, transtorno do déficit de atenção com hiperatividade (TDAH), autismo, entre outras.

O papel fundamental da equidade nas organizações

Diante desses indicadores, a equidade nas organizações se mostra como um valor fundamental no combate a todo tipo de violência. Isso porque, no mercado, equidade é ponderar as diferenças na oferta de oportunidades.

Como foi possível observar a partir das pesquisas já citadas, nem todos recebem as mesmas chances, e algumas pessoas são extremamente desfavorecidas em detrimento de outras. O tratamento equitativo nas empresas colocará todos no mesmo nível, sem qualquer tipo de discriminação.

Imagem com a diferença entre igualdade e equidade. No primeiro, todos recebem o mesmo tratamento na oferta de oportunidades; no segundo, as diferenças entre as pessoas são ponderadas na oferta de oportunidades.

Por que promover a diversidade e inclusão na empresa?

O investimento em atividades de desenvolvimento da DE&I pode oferecer grandes vantagens para uma empresa, as quais, no fim das contas, convertem em retornos financeiros. Veja algumas delas:

Visibilidade e aceitação

Assumir compromissos de DE&I pelo bem da sociedade tornarão a sua organização mais bem-vista dentro e fora do mercado. Além do prestígio obtido frente a investidores, sua empresa também será bem-quista por consumidores e clientes, quem sabe tornando-se até mesmo uma influência para outras iniciativas.

Impacto social

Como já vimos em algumas pesquisas citadas anteriormente, o contexto social brasileiro apresenta uma série de problemas. Problemas como a desigualdade social, racial, econômica, de gênero e orientação sexual há muito tempo assombram o país.

Diante disso, a sua empresa não pode ser entendida como um ente isolado. Por estar inserida a um enorme ecossistema, sua empresa tem certas responsabilidades em relação ao meio ambiente e à sociedade. Consegue imaginar os impactos que a sua empresa pode causar neste cenário?

Maior engajamento e colaboração

Um estudo da Harvard Business Review feito em 2016 descobriu que, em empresas onde se aplicam ações de diversidade, os colaboradores se mostram 17% mais dispostos, bem como a ocorrência de conflitos é 50% menor.

Imagem de citação ao fundo branco, dizendo: "Em empresas com ações de diversidade, os colaboradores se mostram 17% mais dispostos, tal como a ocorrência de conflitos é 50% menor" (Fonte: Harvard Business Review/2016).

Em outras palavras, organizações mais socialmente responsáveis obtêm maior engajamento e colaboração de seus funcionários — o que, evidentemente, tem a ver com o aumento da sensação de pertencimento entre eles. As pessoas se orgulham em fazer parte de iniciativas que se dedicam para melhorar o mundo. O que a sua empresa tem feito para impactar positivamente a sociedade?

Criatividade e inovação

Conforme estudo publicado em 2018 pela revista Financial Management, empresas com mais diversidade registram o dobro de patentes quando comparadas às empresas sem políticas e práticas de Responsabilidade Social. Significa que a diversidade é um importante fator para o desenvolvimento de soluções inovadoras, pois o conflito entre opiniões divergentes é parte fundamental na elaboração de estratégias.

Aumento no lucro e competitividade

Você sabia que organizações mais diversas etnicamente contam com 33% mais chances de sucesso e que as que têm mais diversidade de gênero são 21% mais lucrativas? Esses dados são de uma pesquisa realizada pela McKinsey & Company.

Isso, de acordo com a instituição, ocorre porque as empresas que investem na diversidade deixam seus funcionários mais satisfeitos, atraem os melhores profissionais, otimizam os processos de tomada de decisões e alcançam diferentes perfis de clientes, que passam a se identificar mais com a marca.

Além disso, a diversidade de visões e culturas entre os funcionários, naturalmente, faz crescer a competitividade no meio deles. Certamente, isso está ligado ao tópico anterior. Afinal, quanto mais multidisciplinar, diversa e criativa é uma equipe, mais os integrantes dela se sentem encorajados a se provarem.

Esta e todas as outras vantagens comentadas proporcionam lucros para uma empresa à medida que melhoram sua imagem pública e constroem espaços mais confortáveis para seus profissionais, ocasionando a retenção e atração de talentos.

Como promover a diversidade e a inclusão em sua empresa?

Se sua empresa está interessa em estruturar um projeto de Diversidade e Inclusão, provavelmente ela precisará se acostumar com a ideia de que não é possível abraçar todos os grupos minorizados de uma só vez. A melhor maneira de promover esse tipo de política na sua empresa é escolher alguns grupos para começar e, com o passar do tempo, aumentar o escopo.

Além disso, mapear a diversidade na sua organização é uma boa prática para começar um projeto como este. A partir dos dados obtidos, será possível desenvolver um olhar analítico sobre o desenvolvimento da diversidade na empresa.

Por fim, invista na conscientização. Uma das maiores dificuldades dos grupos minorizados é serem ouvidos. Dar espaço de fala, visibilidade e atenção às pessoas diversas certamente tornará o espaço de trabalho da sua organização mais confortável, seguro e plural para todos.

“A agenda de DE&I, que se configura em uma jornada que demanda tempo, investimento e muito engajamento, requer apoio formal e institucional das pessoas em posições de alta e média lideranças, de forma a viabilizarem e igualmente acelerarem objetivos estratégicos diretamente relacionados à agenda em questão”, ressalta Guilherme Gobato, especialista em DE&I.

Para ele, DE&I é bom e estratégico para as organizações na mesma medida em que é igualmente bom e fundamental para as pessoas que sustentam tais empresas. São relações “ganha-ganha” em prol de ambientes mais seguros e saudáveis via acolhimento, respeito, dignidade e pertencimento. “Entregar sua melhor versão, trazendo resultados e impacto positivo aos negócios, independentemente de se reconhecer como se reconhece, de amar quem ama; não há situação melhor que esta”, afirma Guilherme.

O que a sua organização tem feito em favor de Diversidade, Equidade e Inclusão? Deseja entender mais sobre o assunto e aprender sobre outros temas ligados à Governança? Continue navegando em nosso blog!

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